Fé e Vida
Senhor, mostra-nos seu rosto!
Estamos no 2º Domingo da Quaresma: a transfiguração de Jesus no Monte Tabor. A transformação luminosa de Jesus diante de seus discípulos, no caminho de Jerusalém e da paixão, é como um respiro que se concede a Jesus para colocar-se em comunicação com o mais profundo do seu ser e de sua obediência a Deus. Poderíamos dizer que Jesus faz a leitura de sua obediência a Deus para levar adiante o plano de salvação para a humanidade. Neste momento o homem-profeta da Galileia tem necessidade de confirmar seu propósito, uma vez que já se delineou que o caminho passará pela cruz. Há sinais de rejeição a suas palavras, os discípulos começam a sentir medo. Neste momento Jesus sente que precisa da proximidade com o Pai, por isso a importância da oração, espaço para perguntas e respostas: Moisés e Elias, representantes qualificados do Antigo Testamento, conversando com Jesus e revelando que agora é Jesus quem revela Deus e seu reino. E a voz do Pai confirmando a missão de Jesus: “Este é o meu Filho amado, o meu predileto. Escutai-o”. Os discípulos não compreendem tudo o que acontece, somente sentem que é um momento de paz e a única coisa que querem é ficar ali: “Senhor, como se está bem aqui! Vamos armar tendas”.
O relato da transfiguração é colocado no período da quaresma para mostrar a necessidade da busca de Deus que se encontra na contemplação e na oração. É só assim que será possível enfrentar os desafios da vida de cada dia: a experiência de Deus na oração sustentará a missão dos discípulos de anunciar a todos a Ressurreição de Jesus. Devemos subir ao monte da transfiguração para, depois, descer à planície trazendo luz para iluminar a vida.
A Transfiguração é uma antecipação, prefiguração, um anúncio do que será a Ressurreição: Jesus revela sua verdadeira identidade como Filho de Deus. Coloca como o sonho de Deus o seu Reino: a mensagem de vida e liberdade da Boa Nova são reais e possíveis. Jesus mostra também que todo ser humano é vocacionado a viver esta vida de plenitude que se realiza no seguimento de Jesus e na vida colocada a serviço de todos como dom, cuidado e libertação.
Finalmente, Jesus se aproxima dos discípulos e diz: “Levantai-vos, não temais!”. É um convite para colocar em prática, no cotidiano da vida, o que diz o Papa Francisco: uma vida em chave missionária, sair de si e ir ao encontro dos outros. É o que diz a primeira leitura de hoje: Abraão é convidado a deixar a sua terra e seguir o chamado de Deus. Sair da própria terra na quaresma poderia significar deixar para trás o que fazemos sempre do mesmo jeito, que já é conhecido e nos arriscar em deixar que Deus nos na busca de um mundo melhor marcado por relações fraternas.