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Fé e Vida

A grandeza do perdão

O texto do Evangelho deste 24º Domingo do Tempo Comum faz parte do capítulo 18 de São Mateus que apresenta as alegrias e dificuldades da vida em comunidade. Domingo passado refletimos sobre a correção fraterna e nossa responsabilidade com os irmãos. Hoje Jesus coloca em evidência o perdão. A pergunta central está na boca de São Pedro: Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Sete vezes? A lei judaica indicava que se poderia perdoar até quatro vezes. Jesus, porém, afirma não há limites para o perdão. Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.

Em seguida Jesus conta a história de um empregado que foi perdoado de uma “fortuna inimaginável”. Vale a pena ressaltar que o texto salienta a grandeza de coração do senhor que perdoa a dívida: ele manifesta a compaixão em relação ao servo devedor. Em seguida, somos apresentados a uma outra situação. Este mesmo servo tem um amigo que lhe deve uma quantia pequena. Ele não foi capaz de manifestar a mesma misericórdia e compaixão. Mandou colocar o amigo na prisão. Chama a atenção a atitude contrastante dos personagens: o senhor é bom e misericordioso enquanto o outro é mau e impiedoso. O resultado final é a punição para o homem incapaz de perdoar. Jesus conclui que também nós seremos punidos pelo Pai do céu, se não perdoarmos de coração o nosso irmão.

O ponto central da parábola se encontra na conclusão: todos somos devedores diante de Deus; nunca poderemos pagar nossas dívidas. Constantemente pedimos perdão pelos nossos pecados. Deus perdoa e nos pede que perdoemos nossos irmãos: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim que nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

Jesus deu o exemplo através de gestos concretos: Ele manifestou o amor do Pai até as últimas consequências. Na cruz, Ele morreu pedindo perdão para os seus assassinos. O cristão é seguidor de Jesus. Como se manifesta o perdão em nossas vidas, principalmente em relação a quem nos magoa?

Falar hoje em dia de perdão e misericórdia torna ainda mais complicados à luz dos valores que o mundo privilegia. Em alguns ambientes perdoar é próprio dos fracos, dos vencidos, dos que desistem de impor a sua personalidade e a sua visão do mundo. Neste sentido, vemos aumentar os índices de violência, de intolerância, de injustiça. Deus continua a revelar sua lógica: perdão sem medidas.

Quem faz a experiência do perdão de Deus envolve-se numa lógica de misericórdia que determinará a forma de tratar os irmãos que erraram. Experimentar o amor de Deus e deixar-se transformar por Ele significa assumir uma outra atitude para com os irmãos, uma atitude marcada pela bondade, pela compreensão, pela misericórdia, pelo acolhimento, pelo amor.

Se queremos uma comunidade realmente seguidora de Jesus, devemos praticar o perdão e a reconciliação. A comunidade cristã é a comunidades dos filhos e filhas, lugar onde se experimenta a paternidade de Deus, comunidade dos filhos que se esforçam para viver a santidade e a perfeição do Pai.

Vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois vai levar a tua oferta. Que esta palavra nos acompanhe e que a comunhão com o Corpo de Cristo nos dê a força necessária para começar a praticá-la.

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