Fé e Vida
O ensinamento de Jesus liberta e salva
A primeira parte da vida pública de Jesus aconteceu na Galileia, região norte de Israel. O cenário do nosso evangelho é a cidade de Cafarnaum situada às margens do mar da Galileia. A sinagoga fica a poucos metros da casa de Simão e André, onde Jesus passou a morar, depois que deixou a sua aldeia, Nazaré.
Sábado é um dia sagrado para os israelitas, “dia de descanso como ordenou Deus” (Ex 20,8-11); dia para relembrar as grandes ações de Deus na caminhada com seu povo no intuito de libertá-lo e salvá-lo. Depois da destruição do templo, durante o exílio, os israelitas se reuniam na sinagoga para rezar e ler os livros da Lei. Tornou-se, então, um lugar de reunião para a liturgia de sábado e interpretação da lei.
Marcos insiste em afirmar que Jesus inicia sua missão num dia sagrado para os judeus, sábado, num lugar também sagrado, em uma sinagoga, onde ensina como um verdadeiro mestre, com autoridade. É ali que Jesus fala pela primeira vez como mestre. Seu ensinamento revela uma autoridade pessoal, diferente daquela dos outros mestres, e provoca admiração.
De repente a realidade sagrada é transformada pela presença de “um homem possuído por um espírito mau”. Naquele tempo qualquer doença que alterasse o comportamento das pessoas era considerada como possessão demoníaca. As pessoas afetadas tornavam-se prisioneiras do mal e não podiam mais cumprir a lei. Por isso eram afastadas da vida da comunidade. Acreditava-se que só Deus, com o seu poder e autoridade absolutos, era capaz de vencer os espíritos maus e restituir a vida e a liberdade perdidas.
A presença de Jesus provoca uma reação neste homem: ele grita, tem medo e reconhece Jesus como o Messias, o Santo de Deus. Jesus, então, o intimida e liberta o homem de seu sofrimento com o poder de suas palavras. Com esta atitude ele revela sua missão: a libertação que Deus quer oferecer à humanidade está acontecendo através dele. O Reino de Deus está sendo instaurado pela palavra e ação de Jesus. “Pela vossa santa cruz, remistes o mundo”.
A conclusão retoma o tema do espanto e admiração de todos: a autoridade de Jesus também é revelada em suas ações. Vale ressaltar que o milagre não é uma simples confirmação do que Jesus ensinou, mas é outra maneira de ensinar que o reino dos céus se aproxima na pessoa de Jesus. Deus vem ao encontro da humanidade na pessoa de Jesus.
Esta passagem, portanto, coloca diante de nós dois aspectos da maneira de Jesus revelar o Pai: o ensinamento e a libertação do mal (palavra e ação). E isso nos leva de volta ao convite de Jesus: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1,15).
Deus não desistiu da humanidade, mesmo quando se escolhe o caminhos da escravidão e do egoísmo. A Igreja deve ser portadora do anúncio da boa nova e estar perto de todos que sofrem para que conheçam o amor de Deus revelado em Jesus e sejam salvos.